O culto à Nossa Senhora das Cadeias sempre foi muito expressivo
no Brasil. Desembarcou junto com os jesuítas e beneditinos portuguêses na
região Nordeste, onde perdura até hoje. Nesta oportunidade trouxeram a imagem e
a mais antiga história sobre essa devoção mariana. A divulgação passou a ser
transmitida tão logo os jesuítas a conheceram no início do século XVI. Mas ela
só foi escrita, pelo frei Alonso de Espinosa, no final dele, em 1594.
Consta que a luminosa aparição de uma imagem da
Senhora com o filho no braço, teria ocorrido no dia 02 de fevereiro de 1400 ou
no ano seguinte, em Tenerife nas Ilhas Canárias, África. O fato foi presenciado
por uma verdadeira multidão de nativos, com lances muito intrigantes. O detalhe
mais importante e curioso é que nenhum dos presentes conhecia a Virgem Maria,
ou o cristianismo, pois essas ilhas, embora descobertas em 1309, seriam
colonizadas pelos espanhóis só no final do outro século.
Tudo começou quando dois pastores resolveram
atravessar com seus rebanhos uma passagem que havia numa gruta. Porém o gado
não passava da entrada, mantendo-se irritados. Intrigados, os dois resolveram
entrar sozinhos e verificar o motivo da agitação do gado. Depararam então com a
imagem de uma Senhora com o filho no colo, que pareciam ter vida. Um deles
acenou com o braço para que ela fosse embora, mas o mesmo ficou paralisado. O
outro tentou toca-la com um bastão, e também teve o braço imobilizado. Correram
para a cidade, onde foram ao palácio comunicar o fato ao rei. Vendo que os
pastores não mentiam, pois tinham os braços imóveis, reuniu sua comitiva e
seguiu para a gruta. Nela, como a Senhora não respondia às perguntas e ninguém
ousava toca-la, o rei decidiu que a imagem devia ficar no palácio. Ordenou aos
dois pastores que a transportassem. Tão logo eles a tocaram, ambos foram
curados. Entendendo a imagem como algo sobrenatural o próprio rei decidiu
carrega-la. Mas, durante o percurso pediu socorro, pois não agüentou o peso.
Durante alguns anos a imagem ficou alojada num
pequeno nicho localizado perto do palácio do rei. Certo dia um nativo que fora
feito escravo por piratas espanhóis, conseguiu escapar e regressou para
Tenerife. Convertido à fé cristã, recolheu a imagem da Virgem Maria com o
Menino Jesus no braço. Foi ao palácio e contou ao rei e aos conselheiros tudo o
que aprendera do Evangelho, antes de ser batizado. Maravilhado o rei mandou
erguer uma grande cruz diante da gruta onde a imagem de Maria apareceu. No ponto
em que precisou de ajuda para transporta-la, mandou erguer uma capela, hoje
dedicada à Nossa Senhora do Socorro.
Quando os jesuítas espanhóis desembarcaram, em
1526, ficaram surpresos ao constatar que a fé cristã e a devoção mariana já
estava no coração do povo. Os padres ergueram um Santuário, onde estava a
imagem e o dedicaram à Nossa Senhora da Candelária, assim reconhecida pela
candeia que segurava.
Entretanto esta belíssima imagem, após uma
inundação em 1826, desapareceu do Santuário. Ela foi refeita com perfeição,
graças aos quadros existentes com sua representação. A nova imagem foi aprovada
pelo Vaticano em 1827. O Papa Pio IX, em 1867, declarou Nossa Senhora da
Candelária, Padroeira de todo o arquipélago das Ilhas Canárias.
Fonte: Paulinas em 2014
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